domingo, 26 de outubro de 2008

Empatias do dia 25 de Outubro

Hoje, sábado dia 25, é dia de manifestar as minhas recentes simpatias escondidas. Aquelas estranhas empatias que não sabemos bem explicar porquê, ou que até sabemos mas não queremos dizer.
A primeira é o Leixões, essa grande equipa de Matosinhos. Equipa do povo. Sempre gostei de Matosinhos. Por razões óbvias faz-me lembrar Olhão. Terras com os seus defeitos, pois claro, mas terras de gente genuína. Olhão era a cidade inimiga de Faro, a minha terra, mas lembro-me de Olhão como cidade do fruto proibido desde a minha infância. Foi em Olhão que dei o meu primeiro beijo na boca. E foi em Olhão que passei grandes tempos da minha vida, daqueles a dar para o selvagem em que nos sentimos nós próprios. Ora como Matosinhos me faz lembrar Olhão, fiquei feliz por, no dia de hoje, o Leixões ter ascendido ao primeiro lugar no nosso campeonato ao derrotar o FCP no Dragõ. O que só revela que, apesar de eu ser benfiquista, não guardo rancor a esta equipa que está à frente da minha.
A minha outra simpatia precisa de uma história antes: andava eu na Universidade e tinha uma colega muito prendada, quer em termos racionais quer em termos estéticos. Boa rapariga que tinha, no entanto, o senão de desconfiar das verdadeiras intenções masculinos. Ou, pelo menos, assim aparentava, pois desdenhava da nossa companhia e não se lhe conhecia interesse por macho. Jantámos fora por três vezes e, apesar dos meus esforços, nunca a consegui trazer ao meu covil para passar a noite, fosse qual fosse a desculpa. A meio da noite a rapariga deixava de me ligar importância, arrefecia e arrefecia-me e... nada. Até eu perdia a vontade. Mas quando acordava na manhã seguinte voltava-me o seu rosto frio e intelectual à memória, mais as suas largas coxas e peito decidido, e lá se reiniciava aquele desejo inflamado que não me dava sossego nem vontade para mais nada. Chegava a perder o apetite do almoço a pensar na miúda!
Até que engendrei uma táctica que li num romance barato: fiquei doente. Fiz com que constasse que estava acamado, umas febres indefinidas, umas dores gástricas, sabe-se lá o que podia ser com a vida que levava, a alimentação não era a melhor, o quarto tinha alguma humidade, os artistas são muito permeáveis à doença, é mais do que sabido, quantos não morreram já com tuberculose e outras doenças trágicas? E não é que resultou! A x (claro que não poderia revelar aqui o nome) apareceu lá por casa, encharcou-me em comprimidos e em cházinhos que me amoleceram, armou-se em enfermeira entristecida que concede os últimos desejos ao moribundo que vela! Foram bons tempos, mas acabou por me trocar pelo Carlinhos que foi atropelado por um camião e a quem amputaram uma perna.
Esta história serve para explicar a minha simpatia pelo Vukcevic. Ora eu acho que o Vukcevic se armou em doente para chamar à atenção do Paulo Bento. O Paulo Bento deve ser um homem difícil já que está sempre com cara de quem sofre de prisão de ventre. Todavia, este género de homens aparentemente insensíveis comovem-se perante a doença, pelo que penso que o Vukcevic arranjou este expediente para conseguir lugar na equipa. Só que, seja por falta de jeito, seja por problemas de língua, não conseguiu disfarçar até ao fim e o Paulo Bento irritou-se. Ou então virou-se para o Izmailov que com aquele menear de cabeça faz lembrar alguém saído do "voando sobre um ninho de cucos".

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