terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Neste Rectângulo de Jogo que é a Vida

Caros Amigos

Tenho o prazer de vos informar que eu, o Amigo Zé, ao contrário do prelector sénior que me antecedeu, tem o hábito de debater assuntos sérios neste blogue, pois então!?... por muito confinados que estejamos à esfera futebolística, tal como o nome do nosso blogue assim remata, por muitas fintas ou esquivas que o nosso colega e amigo desportista das letras Sérgio Patinha arbitre, ele próprio, neste rectângulo de jogo com a relva bem aparada de tom esbranquiçada, tenho o dever de cortar a jogada que este verdadeiro artista da bola (não se iludam com o alto ventre proeminente) parece conduzir para a linha de golo, aproveitando uma duvidosa posição de fora-de-jogo não assinalada… E porquê?

Ora, em primeiro lugar, porque as opiniões são tão escorreitas como os donos das bolas nos velhinhos campos de rua, que arbitrariamente punham e dispunham ora dos melhores jogadores (eu ficava para o fim, está bom de ver), como do princípio ou fim da própria peladinha! Injustiça! Malvadez! Abomináveis!
Até que percebi… Alto lá ! se eu for o dono da bola, eu é que escolho a equipa!!!
Daí que me permita apitar uma falta que só eu vi, e determine, com vigor, cortando o lance ao Patinha: Neste País Há Liberdade de Expressão (graças ao 25 de Abril), e, dessa forma, assinalo uma falta do nosso Amigo e aponto veementemente falta com o braço levantado: - A corrupção e o medo são elementos que jogam quer em Portugal como em qualquer outro país. Disse.

Esta visão precoce dos mecanismos de domínio da arbitragem (upss – disse arbitragem?), perdão, do domínio do jogo, faz-nos perceber o profundo e verdadeiro conceito do “futebol total”, ou seja, do poder e do controle dos elementos mais preponderantes do que já foi um desporto livre e democrático e que passou a ser uma indústria financeira de sociedades e gestores anónimos.

Será mesmo? Então, o que se passa nestas quatro linhas? Permito-me teorizar, tal como a trivela do Quaresma, que haverá mais do que uma maneira de cruzar a bola com sucesso, do mesmo modo que outros meios estão disponíveis sobre o tempo e o modo de jogo, sejam as regras que só queremos quando nos favorecem e que desprezamos quando nos prejudicam. Haja, ou, neste caso, não haja escrúpulos para o fazer. E assim, tcham-tcham-tcham…. temos a teoria do Poder mais maquiavélico e ortodoxo, renascido das cinzas, sim: o mais cómodo, para atingir os fins, será então… Fazer a táctica, comprar a bola, pagar o campo, a polícia, a equipa de arbitragem (ou um só elemento), e/ou ir ainda mais acima, se não aos Santos, logo ao Papa-Deus-Me-Livre.

(e onde raio é que joga o PS neste jogo? Oh amigo Sérgio Patinha, não troques as sapatilhas)

Portanto, venha célere o despacho do Apito Dourado, dessa Pouca Vergonha que incomoda todos os amantes e defensores da Verdade, sejam do Lusitano de Vila Real de Santo António como do Valença do Minho.

Então e onde ficamos nós? Simples: Onde Há Dinheiro Há Corrupção. E tem de ser assim? Não, não tem de ser assim…

Um abraço e Bom Fim de Ano para todos nós.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O medo em Portugal já é velho no futebol

Já o disse, noutro blogue onde é meu hábito debater assuntos mais sérios: este país está dominado pela corrupção e pelo medo (publicito o blogue do meu amigo, e do qual sou colaborador: http://gato-esteves.blogspot.com/ ). Isto pelo seguinte:
Noto que nesta jornada, a pré-natalícia, os três "grandes" empataram em casa. O Sporting jogou muito melhor que a Académica, mas encontrou pela frente um guarda redes inspirado. O FCP lá tentou o que pôde, mas não conseguiu. O Benfica apenas jogou na segunda parte... Acontece que no jogo do Porto ficaram dpois penalties por marcar a favor... do Marítimo. No jogo do Benfica um golo limpo do SLB nos descontos foi... anulado. Apenas coincidência de más arbitragens? Penso que sim.
Mas pergunto: porquê estas más arbitragens?
Será que foi apenas por incompetência dos árbitros?
Será que foi por má-fé?
Ou será apenas por medo?
Acredito na dimensão mais humana dos árbitros e, parece-me, que a última hipótese é a que corresponde à verdade. Medo de marcar nas Antas um penalty contra o Porto. Medo de nos descontos dar uma vitória ao Benfica. O papa ainda tem muito poder (é reconhecido o seu poder sobre o PS) e os árbitros têm um cuzinho a defender. E falta de tomates para fazerem o seu trabalho, ao que parece.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

CABAZADAS À ANTIGA

Confesso que hoje não me apetecia escrever sobre futebol. Apetecia-me falar de tudo menos de bola. Como hão-de compreender, uma cabazada destas faz mossas na nossa boa disposição… Cinco a Um é marca para dar, não para receber!

Enfim, ainda bem que não vi o jogo do Olympiakos-Benfica (afazeres escolares fizeram com que os prazeres da bola ficassem subalternizados), quer dizer, evitei um sofrimento inesperado de hora e meia de estupefacção e exaspero, sem dúvida, mas fica aqui um aviso à navegação encarnada: temos de saber construir uma equipa consistente, aprender a não cometer os mesmos erros que nos fazem ficar gregos, e apoiar o Glorioso já no próximo jogo com o Vitória de Setúbal!

Temos de apontar as baterias ao Campeonato, de modo a dar uma merecida alegria a todos os benfiquistas!

E volto a repetir: Cabazadas destas, à moda antiga, são para darmos, não para receber! Ao menos, a nossa capacidade de resiliência torna-se mais forte com estas agruras.
Um abraço amigo a todos os benfiquistas.
Viva o Benfica!

(nota de rodapé: parabéns à nação sportinguista pela 1ª passagem à fase final da Champions. Quanto ao Porto, mesmo jogando mal, lá vão levando a água ao seu moinho. Ninguém se esqueça, porém, é das falcatruas que durante anos foram feitas pelo Papa do FêCêPê e que os deveriam expulsar não só das competições maiores quer da UEFA como da Liga Profissional portuguesa!)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Uma Coisa Sem Importância?


Lembro-me de um bom treinador de futebol, Paulo Autuori, que teve uma fugaz e não muito gloriosa passagem pelo Benfica, ter dito, certa vez, que «o futebol é a coisa mais importante das coisas sem importância».


Esta frase, se durante muito tempo serviu para me ajudar a superar certos desapontamentos desportivos, não deixava de provocar em mim sentimentos contraditórios, difíceis de conciliar… O quê? O desporto-rei empurrado para um canto de significâncias sem importância? Impossível! Não pode! Mas, de facto, se comparado com toda uma multiplicidade de vivências diárias, isto é, comparado com todas as dificuldades e constrangimentos que qualquer ser humano, seja mais ou menos privilegiado, tem, a fria racionalidade assim parecia dar razão à estratificação dessas tais coisas, numa hierarquização de importâncias, como se estas se agrupassem em diferentes “campeonatos”, umas com direito a jogarem na primeira divisão, outras na liga secundária, e assim por diante.


No entanto, por esse prisma, de que forma então poderíamos compreender e catalogar todas as emoções, alegrias, paixões, encantos e desencantos que todos os adeptos do futebol têm no seu código genético? Não terão lugar estas vivências direito a ocuparem lugares da maior importância no campeonato daquilo que é a nossa vida? Penso que sim. Da mesma forma que a realidade é múltipla, também nós o somos. E é essa mesma realidade, pluridimensional, que me faz viver intensamente cada momento da minha vida, seja numa segunda-feira de trabalho como numa noite europeia, e querer sempre acreditar numa realidade plena, sedimentada com razão e paixão!


Aliás, de que outro modo é que eu poderia estar a ver o último jogo para a Taça de Portugal do Benfica vs Desportivo das Aves, olhar para o marcador, e constatar com algum aperto no coração que o placard ainda anunciava 0-0 aos… 24 segundos de jogo? Se até já tinha havido uma jogada de ataque que quase dava golo aos 15 segundos, para o Benfica? Ou, outrossim, numa inacreditável noite em que o SLB levou 7 secas do Celta de Vigo e eu, a 20 minutos do fim, com o Benfica a perder 4 ou 5 a zero, ainda pensava que podíamos dar a volta ao marcador?


É essa mesma paixão, essa tão grande importância que alegra e anima a vida de milhões de benfiquistas no mundo inteiro que me levou hoje a perceber, finalmente, a verdadeira contextualização da afirmação do Paulo Auturori. Cá para mim, ele disse aquela baboseira antes de ter passado pelo Benfica!!!

domingo, 2 de novembro de 2008

Onde é que já vi isto?

Acabei de ver um jogo de bola entre o Benfica e o Guimarães. O Benfica é a minha equipa, já se sabe, o Guimarães é a equipa que o meu sogro mais odeia (porque ele é da Académica e há aquela velha história do caso N`Dinga, tempos em que o António Oliveira dominava o futebol vimaranense).
Poderia ter sido um bom jogo. Todavia chocou com um árbitro que gosta de ser protagonista. Falo do senhor Carlos Xistra. Já o tenho visto fazer boas arbitragens. Ou, pelo menos, até um determinado momento. Mas depois, mete os pés pelas mãos, gosta de uma ou duas decisões polémicas para o mostrarem na fotografia, adora os apupos do público (quanto mais o apupam mais polemicazinha tenta arranjar) e, do ponto de vista disciplinar, excede-se e abranda-se a cada jogada, ora mostrando amarelos a torto e a direito ora guardando-os bem guardadinhos. Enfim, poderíamos estar na presença de um bom árbitro, não fosse esta mania de dar nas vistas.
A verdade é que os árbitros em Portugal estão habituados a aparecer. A que se fale deles. Temos um longo historial de gajos vaidosos e que fazem poses para as câmaras a rivalizar com as do Ronaldo e Nuno Gomes, basta lembrarmo-nos do Jorge Coroado, que esse também dava o dito e oito tostões por uma decisão polémica (e habituou-se tanto a aparecer que agora quer fazer carreira na comunicação social). E, se calhar, é este o grande problema da arbitragem: os rapazes gostam de dar nas vistas, falta-lhes discrição. Querem uma parte do bolo da atenção sobre eles, que se lhes discutam os lances com a mesma paixão que se tecem considerações sobre os sistemas tácticos ou as trivelas e marcações.
E, assim, cá estive eu a fazer-lhes o favor e a falar neles.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

«Este Ano É Que É»


Há vários anos a esta parte que me cruzo esporadicamente em Faro com um colega de trabalho, moço trabalhador – apesar de alentejano, cujo maior defeito, digo eu, é ser um “lagarto” inveterado…
Ora durante aqueles famosos 18 anos em que o Clube da 2ª Circular estava ladrilhado com sucessivas ausências de títulos, para além dos seus hilariantes mosaicos exteriores adequados ao verdadeiro estado de espírito daquela população, ou seja, gente que se mantém em permanente situação de aperto, de quem está à rasquinha (tal como o cromo Paulo Bento indicia) tem que ter a sua casa de banho logo ali à mão, dizia eu, como um verdadeiro benfiquista que se preze, fustigava o meu amigo sportinguista com um sonoro “Para o ano é que é!», à laia de cumprimento, quando o via, já nem esperando pela ultrapassagem do estigma natalício que gelava o sangue nessa época a quase todos os “lagartos” nacionais….

Ora como os jogos têm duas partes, não tardou muito a que o feitiço se virasse contra o feiticeiro e, assim que o Sporting da 2ª Circular desse por desbloqueado o enguiço, este meu colega se vingasse da mesma moeda, aproveitando o posterior e intrigante jejum de títulos do Glorioso, época de má memória que nenhum Apito Viciado apaga da história: “não te chateies, ó amigo Zé, que pró ano é que é!». Toma e embrulha…

Caramba, não fosse o estofo de campeão que nasce com todo o benfiquista, aqui vos confesso que aquele cumprimento provocava-me bastas vezes um sorriso amarelo, parecido com o voo da águia Vitória quando esta aborta a sua imperial descida pela Catedral, derrotada somente pelos milhares de confetis comemorativos lançados pela nação benfiquista. Quer dizer, ela perde, mas somente em estado de evidente inferioridade numérica… Uma contra milhares, pudera… Ora por que raios me assaltaram neste momento as histórias com frutas e café com leite…?

Enfim, falando de coisas realmente importantes (qual FêCêPê qual quê! Um verdadeiro derby há-de ser sempre um Benfica-Sporting), o amigo Zé depressa reagia e lançava-lhe um igualmente desafiante «Este ano é que é!», e, dessa forma, depressa comungávamos do verdadeiro espírito desportivo de quem sabe que não podemos ser todos do Benfica ou do Sporting, claro, pois doutro modo, contra quem haveríamos de ganhar? Ah sim, pois ainda sou do tempo em que os «bonecos» (ou “matraquilhos”), eram sempre destas duas equipas! Bem: sempre, não, que ainda me lembro da tasca do “MárJorge”, da Fuzeta, ter uns bonecos do Benfica e outros azuis… sim, do Belenenses, que queriam?

E é assim que eu e o meu colega leão ainda hoje nos cumprimentamos, não com um “Bom Dia” ou “Boa Tarde”, mas sim com o profético «Este ano é que é!», desejando-nos mutuamente a sorte dos audazes, pensando eu cá com os meus botões: este gajo, para ser tão porreiro, deve ser um “melancia”, quer dizer, verde por fora mas vermelho por dentro… E viva o Benfica! Este ano é que é!

domingo, 26 de outubro de 2008

Ir ao estádio.

O futebol é bonito no estádio. Aquelas cores, aqueles insultos, nada como estar lá. Agora, como ir lá com os preços exorbitantes que os ganaciosos da bola pedem? O inenarrável Madaíl ainda fez um esforço no último Portugal-Albânia, em Braga, mendigando o apoio que a Selecção tanto precisava. De que vale mendigar se os sinais exteriores de riqueza e idiotice são evidentes? Os bilhetes rondavam, para quem não é sócio da Selecção os 15/20 euros. Porquê? Pagar assim para sair de lá com vontade de esmurrar o pessoal todo? Eu até era gajo para ter ido. Mas com o puto era uma boa maquia que vai fazendo falta em tempos de crise.
No passado Domingo, por acaso, estava eu em Chaves quando me lembrei que o Braga lá jogava para a Taça. Fui ver os preços, por curiosidade: o mais barato para não sócios custava 15 euros! Ide roubar para a estrada, como se diz por aqui.
Não será melhor vender bilhetes mais baratos e correr o risco de ter mais gente a assitir aos jogos? Não poderá isso ser factor de galvanização para os jogadores, que nos proporcionariam partidas menos soporíferas?
Ou o Madaíl tem medo de não ter dinheiro para assegurar o salário? Esta última é para o popularucho.

Empatias do dia 25 de Outubro

Hoje, sábado dia 25, é dia de manifestar as minhas recentes simpatias escondidas. Aquelas estranhas empatias que não sabemos bem explicar porquê, ou que até sabemos mas não queremos dizer.
A primeira é o Leixões, essa grande equipa de Matosinhos. Equipa do povo. Sempre gostei de Matosinhos. Por razões óbvias faz-me lembrar Olhão. Terras com os seus defeitos, pois claro, mas terras de gente genuína. Olhão era a cidade inimiga de Faro, a minha terra, mas lembro-me de Olhão como cidade do fruto proibido desde a minha infância. Foi em Olhão que dei o meu primeiro beijo na boca. E foi em Olhão que passei grandes tempos da minha vida, daqueles a dar para o selvagem em que nos sentimos nós próprios. Ora como Matosinhos me faz lembrar Olhão, fiquei feliz por, no dia de hoje, o Leixões ter ascendido ao primeiro lugar no nosso campeonato ao derrotar o FCP no Dragõ. O que só revela que, apesar de eu ser benfiquista, não guardo rancor a esta equipa que está à frente da minha.
A minha outra simpatia precisa de uma história antes: andava eu na Universidade e tinha uma colega muito prendada, quer em termos racionais quer em termos estéticos. Boa rapariga que tinha, no entanto, o senão de desconfiar das verdadeiras intenções masculinos. Ou, pelo menos, assim aparentava, pois desdenhava da nossa companhia e não se lhe conhecia interesse por macho. Jantámos fora por três vezes e, apesar dos meus esforços, nunca a consegui trazer ao meu covil para passar a noite, fosse qual fosse a desculpa. A meio da noite a rapariga deixava de me ligar importância, arrefecia e arrefecia-me e... nada. Até eu perdia a vontade. Mas quando acordava na manhã seguinte voltava-me o seu rosto frio e intelectual à memória, mais as suas largas coxas e peito decidido, e lá se reiniciava aquele desejo inflamado que não me dava sossego nem vontade para mais nada. Chegava a perder o apetite do almoço a pensar na miúda!
Até que engendrei uma táctica que li num romance barato: fiquei doente. Fiz com que constasse que estava acamado, umas febres indefinidas, umas dores gástricas, sabe-se lá o que podia ser com a vida que levava, a alimentação não era a melhor, o quarto tinha alguma humidade, os artistas são muito permeáveis à doença, é mais do que sabido, quantos não morreram já com tuberculose e outras doenças trágicas? E não é que resultou! A x (claro que não poderia revelar aqui o nome) apareceu lá por casa, encharcou-me em comprimidos e em cházinhos que me amoleceram, armou-se em enfermeira entristecida que concede os últimos desejos ao moribundo que vela! Foram bons tempos, mas acabou por me trocar pelo Carlinhos que foi atropelado por um camião e a quem amputaram uma perna.
Esta história serve para explicar a minha simpatia pelo Vukcevic. Ora eu acho que o Vukcevic se armou em doente para chamar à atenção do Paulo Bento. O Paulo Bento deve ser um homem difícil já que está sempre com cara de quem sofre de prisão de ventre. Todavia, este género de homens aparentemente insensíveis comovem-se perante a doença, pelo que penso que o Vukcevic arranjou este expediente para conseguir lugar na equipa. Só que, seja por falta de jeito, seja por problemas de língua, não conseguiu disfarçar até ao fim e o Paulo Bento irritou-se. Ou então virou-se para o Izmailov que com aquele menear de cabeça faz lembrar alguém saído do "voando sobre um ninho de cucos".

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Parabéns senhor!

Mário Coluna faz hoje anos. Sessenta e nove, o que é uma bonita idade. Quando se fala das velhas glórias do futebol, o nome do capitão é muitas vezes esquecido. Talvez porque tenha assumido a sua verdadeira identidade, a moçambiquana.
Parece que é verdade: no Benfica dos anos sessenta, nessa equipa campeã da Europa por duas vezes, Mário Coluna era tratado por "senhor Coluna". Que capitão é hoje tratado por "senhor"? E lembro que Mário Coluna era negro. Numa década em que havia racismo. Cá em Portugal, como na América de Martin Luther King. Apesar do "senhor" todos reconhecem a Mário Coluna um estatuto de humildade, de simpatia, de cavalherismo; mas também de determinação. Enfim, um verdadeiro "senhor" que era líder. Um modelo.
Parabéns, senhor Coluna.